Discurso do Presidente da Republica, Filipe Jacinto Nyusi, proferido na inauguração do Corredor Logístico de Nacala.

Senhor Ministro dos Transportes e Comunicações;
Senhor Ministro das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil,
Senhores Membros do Conselho de Ministros e Vice-Ministros;


Senhor Governador da Província de Nampula;
Senhor Administrador do Distrito de Nacala-a-Velha;
Ilustres Gestores do Corredor Logístico de Nacala;
Prezados Representantes do Sector Privado;
Caros Trabalhadores;
Distintos Convidados;
Minhas Senhoras e Meus Senhores!

No dia 03 de Novembro do ano passado, celebramos uma grande vitória no Corredor de Nacala, quando anunciámos o apitar do comboio na terminal estação de Lichinga.
Vimos na altura as populações de Cuamba, Mandimba, Ngauma e Lichinga a testemunhar, em festa, a chegada do que já não se tinha esperança, o conhecido comboio de Lichinga.
Hoje é um projecto integrado de Corredor de Nacala que compreende a linha férrea que liga Moatize à Nacala-à-Velha, via Malawi, numa extensão de 912 quilómetros e o terminal de carvão de Nacala-à-Velha. 
Este projecto, ontem um sonho teimoso hoje se torna uma realidade.
Moatize sabe do sonho real porque expediu, para Nacala-à-Velha, a carga, o carvão. 
O Malawi confirma a passagem do maior comboio jamais visto. 
Testemunharam as populações dos distritos de Mecanhelas, Cuamba, Malema, Ribaué Mecubure, Rapale, Nampula, Meconta, Monapo e Mossuril.
O sonho teimoso hoje é uma certeza porque Nacala-à-Velha assume-se como estação de chegada de carvão de Moatize. 
É a maior e a mais moderna terminal de carvão do país.
Com alegria e satisfação aceitei o convite para proceder à inauguração do Corredor Logístico de Nacala. 
É uma infra-estrutura de base produtiva, com impacto directo em vários sectores de actividade económica e no bem-estar dos moçambicanos.
A minha alegria encontra ainda motivos fortes porque foi neste sistema ferro- portuário que, por mais de 15 anos, dediquei a minha energia servindo aos utilizadores do Porto de Nacala e da Linha do Norte.
São motivos suficientes para dedicar uma saudação especial a todas entidades e estruturas do nosso Governo, desde as locais, provinciais e centrais, pela atenção que sempre concederam ao processo de implantação deste projecto. 
A visão foi sempre, de alargar a base logística e de transporte de carga e pessoas, ao nível nacional e regional.

Enalteço o Corredor de Desenvolvimento do Norte, o Corredor Logístico Integrado de Nacala, a Central East African Railways Company Limited e a Vale Logistics Limited, pelo investimento que resultou na materialização deste projecto que consta do nosso Programa Quinquenal do Governo.
Aceitem que eu felicite a Empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique pela acertada escolha de parceiro com musculatura empresarial, e pela sua profissional forma de relacionamento que tem estado a permitir a viabilização deste grande e maior projecto ferro-portuário da Região Austral.

Distintos Convidados!
O novo terminal de carvão de Nacala-à-Velha que completa o Porto Comercial de Nacala, tem o diferencial de dispor de capacidade para receber navios maiores, evitando assim o custo elevado de transbordo.
Para reavivar o desenvolvimento da região norte do País como um todo, o Governo assegurou que as concessionárias, para além da criação de uma solução logística para o escoamento de carvão de Moatize, pudessem também servir para o transporte de outras cargas e passageiros.
A reabertura da linha férrea Cuamba-Lichinga, que tivemos o privilégio de inaugurar no ano passado, como anteriormente afirmamos, enquadra-se neste entendimento alcançado entre as concessionárias e o Governo de Moçambique, no processo de adjudicação do Corredor de Nacala.
Tomamos esta decisão porque estamos cientes de que o Corredor do Norte, para além de gerar postos de trabalho directos e indirectos, dispõe de um grande potencial para dinamizar a economia nacional e até da região austral da África, através da diversificação da actividade económica.

Por outras palavras, queremos que esta infra-estrutura seja uma alavanca para o incremento da comercialização agrícola, transporte de recursos minerais e despolete o potencial turístico da província que precisa de ser lapidado. 
Queremos também que este Corredor Logístico venha catalisar o surgimento de iniciativas empreendedoras que visem melhorar a qualidade de vida das populações ao longo do seu percurso.
Foi assim que quando assumimos os destinos da Nação, elegemos as infra-estruturas como uma das prioridades da nossa governação, a par da agricultura, energia e turismo. 
O Programa Quinquenal do nosso Governo, prioriza a expansão sustentável e a melhoria da qualidade de infra-estruturas vitais que promovam actividade produtiva.
Os investimentos que temos estado a acarinhar na área das infra-estruturas ferro-portuárias visam o incremento da produção e produtividade e criação de mais postos de trabalho.
Alegra-nos saber que a ferrovia que hoje colocamos oficialmente ao serviço dos clientes, tem capacidade de transportar aproximadamente vinte e seis milhões de toneladas, sendo que maior parte delas são de carvão, isto é, vinte e dois milhões de toneladas.
É bastante gratificante saber que este Corredor Logístico de Nacala acolhe no total e, de forma directa, dois mil e cinquenta e três trabalhadores maioritariamente jovens, sem incluir mais de mil e seiscentos que se encontram nas empresas terciárias.

Esta é uma clara demostração de que os sectores público e privado, devidamente facilitados pelo Governo, através de boas políticas económicas pode promover o desenvolvimento do país.
Neste âmbito, saudamos o Governo do Brasil aqui representado pelo Senhor Ministro das Relações Exteriores, pelo importante papel desempenhado ao facilitar igualmente o investidor do seu país para Moçambique. 
O Governo de Moçambique, sempre estará aberto para mais e diversificada cooperação económica com o Brasil, seja de forma bilateral ou no âmbito da CPLP.

Minhas Senhoras e Meus Senhoras!
A completar, no próximo mês de Julho, 97 anos desde que foi elevada à categoria de Vila, temos o orgulho de afirmar que neste momento, Nacala-à-Velha é um dos principais pontos de convergência de pessoas vindas de quase todos os pontos do País, atraídas pelas oportunidades de emprego e desenvolvimento gerados neste distrito.
A Vila-sede do distrito está de forma acelerada a deixar de ser pacata e humilde. 
Hoje, os residentes de Nacala-à-Velha orgulham-se de dispor de serviços de qualidade que outrora só encontrávamos em grandes cidades como Maputo, Beira ou Nampula.
Hoje, Nacala-à-Velha materializa a Unidade Nacional de que sempre falamos. 
O objecto do trabalho deste grande empreendimento é o carvão que é extraído em Tete, muito longe daqui. 

Ao longo do percurso vai distribuindo postos de emprego a muitos cidadãos e aqui, muitos mais postos de trabalho cria.
Nacala-à-velha já não é o distrito dos mais atrasados da província de Nampula.
Lembramo-nos vivamente das dificuldades por que passaram os primeiros investidores que tiveram fé no que dizíamos e vieram. 
Lembramo-nos também daqueles que depois vieram, mas indecisos. 
Há os que esperavam para ver. Esses virão, mas já atrasados!
Com a entrada em funcionamento deste empreendimento que tem o condão de ligar os países do hinterland aos diversos cantos do mundo, avizinham-se investimentos mais ousados em Nacala-à-Velha.
Por isso, as autoridades locais devem, a partir de já, reflectir sobre o plano de estrutura desta vila, a futura cidade de Nacala-à-Velha.
Não gostaria de terminar a nossa intervenção, sem deixarmos uma mensagem de apelo à todos os intervenientes incluindo as populações ao longo do Corredor.
A conservação e estima dos equipamentos e infra-estruturas é um ponto nevrálgico, que exige a atenção concertada e integrada de todos.
Esta infra-estrutura só terá relevância na economia se ela fornecer serviços de qualidade e sem interrupção.

Estimados Gestores do Corredor Logístico de Nacala!

Como contributo dos anseios do Governo de criar o bem-estar da população, a empresa deve continuar a priorizar o recrutamento de trabalhadores nacionais, apostando na sua formação contínua e, salvaguardar, os interesses das comunidades através de acções de responsabilidade social.
Deve, igualmente, observar o princípio de conteúdo local nos fornecedores de serviços, preservar o meio ambiente, para além de cumprir, como tem vindo a fazer, com os seus deveres no que diz respeito à tributação.
Queremos mais uma vez felicitar os accionistas, Gestores e todos os trabalhadores deste importante empreendimento para a economia nacional e desejamos que este Centro de resultados contribua para o crescimento de Moçambique.
Assim, na certeza de que estas Infra-estruturas de Base Produtiva serão Um dos Factores de Dinamização e Diversificação da Nossa Economia, tenho o grato prazer de declarar inaugurado o Corredor Logístico de Nacala.